Ambiente de Trabalho Tóxico na UPA Sul
Servidores da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Pascoal Ramos, conhecida como UPA Sul, estão denunciando um ambiente de trabalho profundamente perturbador, onde relatos de assédio moral, agressões e adoecimentos mentais se tornaram comuns. As acusações têm como alvo a coordenadora E. M. V. F., que ocupa o cargo desde março de 2025, e incluem situações de assédio moral sistemático, agressões físicas, coação psicológica e omissão frente a supostas irregularidades administrativas.
Essas denúncias não são casos isolados. Além de um sério episódio de agressão física que uma funcionária afirmou ter sofrido, existe um conjunto de outras queixas formalizadas de forma documentada, todas acompanhadas de boletins de ocorrência. Os relatos apontam para perseguições, tratamento vexatório e abuso de autoridade dentro da UPA Sul. Segundo informações, esses registros foram encaminhados para a Ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Cuiabá e para outros órgãos responsáveis.
Um Clima de Terror Psicológico
Os servidores descreveram o clima na unidade como um verdadeiro “terror psicológico”, onde muitos profissionais já estão afastados devido a problemas de saúde mental, alimentados pelo medo de retaliações e pela sensação constante de insegurança no trabalho.
Um dos casos mais alarmantes envolve uma servidora que está na equipe desde 1992. Ela relatou que ao tentar entregar uma planilha de férias, a coordenadora se recusou a receber o documento e, em um momento de raiva, puxou seus cabelos na saída da sala. Outro profissional de enfermagem presenciou o ato e interveio para ajudar a vítima. Após o incidente, a servidora passou a enfrentar picos de pressão arterial e sofreu uma queda em casa, resultando em lesões que a afastaram do trabalho por meses. O impacto emocional foi igualmente severo, levando-a a desenvolver crises de ansiedade e síndrome do pânico, exigindo acompanhamento psiquiátrico.
Interferências nos Atendimentos Médicos
Além das agressões e do assédio moral, os servidores denunciam que a coordenadora exerce interferência direta nos atendimentos médicos, incluindo decisões sobre a internação e alta de pacientes. Essa prática, segundo os profissionais, ultrapassa as atribuições administrativas e pode prejudicar tanto a autonomia médica quanto a segurança dos pacientes.
Documentos foram formalizados junto à SMS para apoiar as denúncias de assédio, agressões e interferências indevidas. No entanto, até o presente momento, não houve retorno ou posição oficial da Secretaria sobre a apuração do caso.
Omissão e Intimidação
As denúncias também abordam a omissão da coordenação diante de irregularidades. Um caso específico aponta que uma funcionária apresentou um atestado médico possivelmente falso, e a coordenação, informada da situação, apenas solicitou um pedido de desculpas, sem tomar providências administrativas. Além disso, os servidores relatam sentir-se ameaçados, com advertências a quem mencionasse o caso, criando um ambiente de pressão e silenciamento.
Retaliações são frequentemente relatadas por aqueles que se recusam a fazer plantões extras. Há queixas sobre proibições para troca de plantão e tentativas de alterar compulsoriamente o regime de trabalho, de 12×60 para uma jornada diária de seis horas, ações que são vistas como um meio de intimidação ou punição.
Pedido de Providências Urgentes
Apesar das diversas denúncias formalizadas, acompanhadas de boletins de ocorrência, até agora nenhuma medida efetiva foi tomada, mesmo durante a gestão do prefeito Abilio Brunini. Diante da gravidade da situação e da recorrência dos relatos, os profissionais exigem ações urgentes da Prefeitura de Cuiabá e da Secretaria Municipal de Saúde. Para os servidores, a falta de respostas da administração municipal só perpetua um ambiente de medo e insegurança na UPA Sul, impactando não apenas a saúde dos trabalhadores, mas também a qualidade do atendimento oferecido à população.
