Transformando o Futuro das Comunidades Rurais
Para garantir que as novas gerações permaneçam no meio rural com esperança de emprego e renda, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul está apoiando um projeto de desenvolvimento focado na profissionalização de estudantes do assentamento Itamarati, em Ponta Porã. Essa iniciativa, que se realiza na Escola Estadual Nova Itamarati, visa oferecer novas oportunidades de permanência no campo através da implementação de tecnologias sociais que promovem uma abordagem sustentável e produtiva, alinhada às vocações locais.
O assentamento Itamarati se destaca como o maior demarcado da América Latina, enfrentando, no entanto, um preocupante êxodo rural. Muitos jovens abandonam a área em busca de melhores oportunidades em outras regiões. Isso traz à tona o desafio de fortalecer o sentimento de pertencimento e criar condições para que a comunidade visualize caminhos viáveis para o desenvolvimento e a autonomia. É nesse contexto que o projeto de extensão, desenvolvido pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) em parceria com o governo estadual, busca apresentar alternativas de inovação e geração de renda para as famílias do assentamento.
Parceria Estratégica entre Educação e Tecnologia
Douglas Henrique Alencar, educador ambiental da Secretaria de Estado de Educação (SED), explicou que a proposta da UFGD é introduzir tecnologias sociais que possibilitem novas formas de geração de renda e emprego. Além disso, as escolas funcionam como espaços de discussão e especialização dessas tecnologias, contribuindo para a formação profissional dos alunos. “Dentro das escolas, discutimos soluções, e esses estudantes se tornam os futuros agentes que implementarão e ampliarão essas tecnologias, sempre com foco em empreendedorismo e inovação”, destacou Alencar.
Na Escola Estadual Nova Itamarati, a implementação dessas ações ocorre de forma prática, buscando integrar as tecnologias sociais ao currículo escolar. A ideia é que tanto estudantes quanto professores participem ativamente de discussões, experimentações e aprimoramentos de soluções que sejam aplicáveis ao contexto local, fortalecendo a relação entre teoria e prática.
Desenvolvimento Sustentável e Tecnologias Sociais
Jucélio Salmazo, diretor da escola, enfatizou a relevância da colaboração com a UFGD, que fornece mudas e recursos para a aquaponia. “A interação com a universidade torna-se acessível e próxima, podendo inspirar os alunos a buscarem o ensino superior, especialmente aqueles do último ano que se preparam para vestibulares e o Enem”, comentou Salmazo. Esse contato é essencial para incentivar o desejo de continuidade dos estudos e a valorização da educação superior.
Entre as tecnologias implementadas ou em processo de instalação na escola, estão destacadas: um gerador de biogás, tanques para criação de peixes e sistemas de compostagem para produção de adubo orgânico. O objetivo é ampliar as perspectivas dos jovens, incentivando o interesse por inovações no campo e apoiando o desenvolvimento sustentável da comunidade.
Fortalecimento da Agricultura Familiar e Educação no Campo
A iniciativa está alinhada com as ações do Centro de Desenvolvimento Rural (CDR) da UFGD, que se dedica a projetos de pesquisa e extensão voltados para o fortalecimento da agricultura familiar e desenvolvimento sustentável. A professora Juliana Carrijo, responsável por projetos na área de aquaponia e soluções sustentáveis, destacou que o projeto CDR já está em andamento há oito anos no assentamento, envolvendo uma equipe de 60 professores e alunos que trabalham em diversas temáticas relacionadas à agricultura familiar.
“A ideia é potencializar oportunidades de produção sustentável, explorando a questão da sucessão rural e o engajamento dos jovens na área. Começamos a implementar esses projetos nas escolas do campo”, explicou Carrijo. O projeto piloto é desenvolvido na Escola Estadual Nova Itamarati, a maior unidade rural do estado, e busca sistematizar uma metodologia para criar espaços coletivos que integrem educação, ciência, tecnologia e inovação, sempre com foco na agricultura familiar.
Investimentos e Foco na Inovação Social
O convênio que dá suporte a essa iniciativa prevê um investimento superior a R$ 1,4 milhão, com a colaboração da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), que oferece apoio financeiro e técnico. “Este projeto não é apenas uma vitrine tecnológica; pretendemos criar um espaço lúdico e interativo que se conecte com as diversas disciplinas e idades escolares, tornando-se uma ferramenta auxiliar para o aprendizado”, concluiu Juliana.
